quarta-feira, 24 de julho de 2013

E assim caminha Berimbau...

A cidade de Conceição do Jacuípe continua a guardar a tradição da feira.  Toda semana nos dias de Terça e Quinta-feira, as calçadas de pedra do Berimbau dão espaço às barracas de hortifrúti, roupas e artesanato.  O mercado Municipal  é mais um ponto de referência para quem quer fazer suas compras, e que é abastecido pelos próprios moradores da cidade, através dos plantios de suas roças.

Outras tradições que se perpetuaram pela cidade temos a Vaquejada da cidade, que ocorre tanto por  procissão de vaqueiros trajados , quanto pela festa, que nesse ano ocorre no período de 14 a 17  de novembro contando com a presença de artistas como Pablo e outros. E pela presença de bons artistas que a cidade tem um dos São Joões mais famosos do interior da Bahia, Arraia do Berimbau. Por ela já se apresentaram artistas como Zé Ramalho, Chitãozinho e Xororó, Elba Ramalho, Paula Fernandes, Chiclete com Banana, Daniel e tantos outros.  

Também já foi palco de cinema nacional, com a gravação do filme Tieta do Agreste, de Cacá Diegues, uma obra baseada no livro de Jorge Amado. As cenas foram rodadas no povoado do Picado, situada no município.
A 97 km de Salvador, hoje a cidade possui em torno de 29.050 habitantes. Sua indústria horteleira ainda é pequena, mas o que não falta agora são áreas de lazer com a recente reforma de suas praças.

Memórias de Santa

Formada  na cultura da feira, os primeiros moradores da cidade de Conceição eram detentores de pequenas propriedades de terra, no qual era tirada o seu sustento com o plantio de mandioca, cana-de-açúcar, milho, amendoim etc. E aqui começa  a história de Terezinha Pereira de 81 anos, minha avó, em uma pequena entrevista que fiz com ela.
Nascida na Vila do Berimbau, criada numa família com seis irmãos. Santa como é conhecida entre os seus, (apelidada assim para não causar confusão com o nome da sua irmã Teresa,) desde criança já trabalhava na lida plantando aipim, mandioca, amendoim e vendendo manga que era para a subsistência da família e fonte de renda. “Vendíamos o que plantava na própria roça ou na feira. Meu pai arrancara as mandiocas e dava as “pressas” para mim e minha irmã, Bela. Como eu era mais danada saía na frente”. Foi casada e mãe de cinco filhos, porém hoje só uma é vivo, Santa viveu parte da vida junto com a família na região de Terra nova, “encontramos uma condição melhor do que a tínhamos em Beréu. Moramos na fazendo do pai dos meus filhos”. Por volta de 60, quando trabalhava como cozinheira no Posto São Luís, localizado na entrada da cidade, a quentura do fogão acabou prejudicando sua visão, e mesmo passando por cirurgias não impediu que perdesse a visão. Sempre mulher de muita autonomia, nem a perca da sua visão lhe tirou isso. Com a doença do seu pai, Santa morou sozinha no período em que seus pais mudaram-se para uma casa mais dentro da cidade e ela optou por permanecer na roça. Santa ainda conta que lembra que a feira antigamente era realizada na entrada da cidade, e que foi graças aos violeiros e capoeirista que a cidade tem o nome que até hoje é dado como referência, Berimbau. Com a chegada da energia elétrica a cidade começou a ter aos poucos algumas mudanças. E que a mudança do nome se deu graças à municipalização da cidade. 

De Santo Amaro a Conceição do Jacuípe (Berimbau)

E a história se inicia em 1557, que após lutas travadas com os povos indígenas, os Tupinambás, os colonizadores portugueses expulsaram-nos e ocuparam uma área em torno de 1251 km², as margens do Rio Traripe e Subaé. Ali logo se desenvolveu o plantio de cana-de-açúcar, o fumo e a mandioca, surgindo engenhos, casas de farinha e pequenos beneficiamentos de fumo. As sesmarias então foram doadas a Fernão Rodrigues Castello Branco, que posteriormente doou a Francisco de Sá, filho do governador Mem de Sá, que nelas constrói o Engenho Real de Sergipe. Com sua morte, as terras passam para Felipa de Sá, sua irmã, casada com o Conde de Linhares, D. Fernando de Noronha.
Por volta de 1667, os beneditinos chegaram à região onde recebem a doação dessas terras e constroem a Igreja do Senhor Santo Amaro, virando padroeiro local e dando nome a cidade.
A cidade de Santo Amaro até os meados do século XIX alcançou projeção nacional por ser presença ativa tanto no comércio, sendo principal porto açucareiro do Recôncavo quanto em lutas a favor da Independência do Brasil, Revolução dos Alfaiates e a Sabinada.
Localizada no Recôncavo Baiano, por ser as margens do Rio Subaé, que desagua na Bahia de Todos os Santos, a cidade de Santo Amaro por anos abrangeu distritos de Acupe, Oliveiras dos Campinhos, São Brás, Pedras Terra Nova, Saubara e Conceição do Jacuípe.
 E é em 1898, quando o Sr. Tucidides Moraes instalou a primeira casa comercial, que Conceição do Jacuípe começa a se formar. O Arraial Baixa do Jacuípe, como fora inicialmente intitulada, por se localizar perto da nascente do Rio Jacuípe cresce e torna-se a Feira do Berimbau, dando nome à cidade, pois era frequentada por violeiros e tocadores de berimbau, onde um deles fez uma trova que no final falava sobre a feira.
Fonte Municipal
Nascente do Rio Jacuípe

Em 1943, o então prefeito de Santo Amaro, teve que ir ao Rio de Janeiro tratar de assuntos de interesse do Município, oportunidade em que assumiu a chefia do Executivo, interinamente, o Secretário Elísio Barreto, residente no Povoado de Berimbau, que aproveitando a ausência, ampliou e reformou o mercadinho. Dois anos depois, o Coletor Federal admirado com o feito do secretário ofereceu cem mil réis a cada feirante que participasse das 52 feiras promovidas no ano. Muitos conseguiram a façanha de participar de todas, destacando-se Eliodoro Marques e Orlando Azevedo.
No ano de 1949 é instalada a primeira rede de energia hidrelétrica, trazendo luz aos moradores e possibilidades de desenvolvimento ao povoado.

Em 30 de dezembro de 1953 é assinada a lei nº628, que transforma o povoado do Berimbau em Vila do Conceição do Jacuípe, distrito de Santo Amaro. Esse nome surge pela padroeira da cidade, Nossa Senhora da Conceição e o Rio Jacuípe. A cidade torna-se independente oito ano depois, em 20 de outubro de 1961, quando o então governador da Bahia, Juracy Montenegro Magalhães, que tinha como um dos seus lugares de passeio a Vila, assina a lei nº1531, criando o munícipio de Conceição do Jacuípe.



Referências: 

QUEIROZ, Lúcia Maria Aquino de; SOUZA, Regina Celeste de Almeida. Caminhos do Recôncavo: proposição de novos roteiros histórico-culturais para o Recôncavo baiano. Salvador,2009, UNIFACS.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Município de Conceição do Jacuípe


"Berimbau"

Bandeira
20 de outubro
Fundação
1961
conjacuipense
Normélia Maria Rocha Correia (PRB)
(2013–2016)
Localização
Localização de Conceição do Jacuípe na Bahia, Brasil

Municípios limítrofes
Distância até a capital
97 km
Características geográficas
115,680 km² 2
30 717 hab. IBGE/20123
265,53 hab./km²
248 m
Tropical
Indicadores
0,695 médio PNUD/2000 4
R$ 533 024 mil IBGE/20105
R$ 17 694,93 IBGE/20105
Fonte: Wikipédia

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E surge esse blog...

Toda história tem por objetivo de resgatar os aspectos culturais de um determinado povo ou região para o entendimento do processo de desenvolvimento. Entender o nosso passado também é importante para a compreensão do nosso presente. Neste intuito, crio este blog a fim de entender um pouco mais da minha história através da minha avó. Em seu âmago temos a  cidade de Conceição do Jacuípe, plano de fundo de toda essa história, em que estarei compartilhando um pouco sobre através de textos e vídeos.